Naked truth

Toda vez que eu vejo alguém falar que é preciso “mudar tudo isso que está aí”, eu penso em quantas gerações de pessoas inteligentes seriam necessárias para sequer definir com mínima clareza o “tudo isso que está aí” da frase. Aí o sujeito fala assim, pressupondo que aquilo que ninguém sabe definir, que aquilo que cada um define loucamente segundo suas idéias idiotizadas por décadas de cultura jornalístico-petista, esta coisa multidefinida e por isso mesmo multi-indefinida, seria algo tão óbvio que sequer precisa ser exposto.

Na verdade, estou dizendo isso mais por retórica, pois quem assistiu às últimas quatro ou cinco eleições sabe muito bem quem inventou a expressão “tudo isso que está aí”. Foram as mesmas pessoas que implodiram a autonomia do Banco Central, foderam com o protótipo de economia que o Brasil tinha e agora estão atacando uma magricela ex-revoltadinha e assassina de fetos travestida de arauto bonzinho de uma terceira via neocomunista, porque ela supostamente vai devolver essa autonomia a um órgão que nem deveria existir.

Falar do Brasil de hoje é praticar literatura fantástica no mais alto grau. Nem um William Burroughs teria tanta imaginação para o insólito. Suas baratas datilógrafas chegam a ficar fofas perto dos nossos cidadãos.

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