O próximo

[Eric Weil, Filosofia Moral]

Às vezes me parece que descobrir em que consiste o amor ao próximo é tudo o que importa. Eu não sei amar ao próximo. Não sei mesmo? Se não sei direito nem o que é amar ao próximo, como posso saber se sei amar ao próximo? Talvez eu já o ame e não saiba disso.

De todo modo, sinto-me, ou melhor sei-me na obrigação de ama-lo conscientemente e não por acaso, como um animal.

E a obrigação de ajudar as pessoas a usar sua inteligência? Que crueldade, meu Deus! Elas não querem isso, mas você tem que faze-las querer? E como medir o quanto elas não querem isso? Porque se elas não quiserem com uma intensidade muito grande, isso significa que vivemos em uma dessas “situações” de que fala o autor ao fim da citação. Nesse caso não cabe tentar fazer as pessoas usarem sua inteligência, mas apenas recolher-se e tentar preservar em si o legado da Humanidade (com letra maiúscula), enquanto a humanidade (com letra minúscula) se deteriora até sei lá quando.

Jogar pérolas aos porcos é uma fatalidade? Não sei. Só sei que, ao fim, resta o desejo, aparentemente irreprimível, de faze-lo.

“Pérolas aos porcos”? O que estou dizendo? Onde esqueci minha humildade?